Cavalgando o Vento (CoV)
Canções, poesia e ficções. Ventiladores contra o Inferno geral em que estamos metidos.
sexta-feira, 19 de abril de 2024
quinta-feira, 18 de abril de 2024
terça-feira, 16 de abril de 2024
segunda-feira, 15 de abril de 2024
cortes de ROSAVENTA a revista de poesia e ficção do CoV
Do volume 3 - Junho de 2021
Do Volume 2, Maio de 2021
quinta-feira, 21 de março de 2024
Planeta B (Dia Mundial da Poesia)
PLANETA B
Será que alguém precisa lhe dizer?
Não existe um planeta B
Será que alguém precisa lhe dizer
Existe carro de montão
Computador e avião
Existe fábrica na América
Na China, na Nigéria
De montão existe plástico
Remédio, droga e TV
Existe arma e preconceito
Luta de classes e religião
Existe jogo de montão
Desejo, dinheiro e alienação
Telefone, açúcar, álcool
Machismo e ostentação
Muito agrotóxico e veneno
Colesterol e infecção
O capital só tem plano A
Que é: lucrar lucrar lucrar
O socialismo aonde está?
No ar, no ar, no ar
Dante & Mallarmé
Ó Suma Luz que tanto, dos errantes
pior
não
mais nem menos
indiferentemente mas tanto quanto.
(SERIA, Mallarmé, arte por Merse,
tradução por Fauno, antes de 1898).
#poesia #tradução #simbolismo #mallarmé
terça-feira, 19 de março de 2024
O Fim do Verão (Eugénio de Andrade)
No Fim do Verão
correm no molhe, correm no vento.
Tive medo que não voltassem.
Porque as crianças às vezes não
regressam. Não se sabe porquê
mas também elas
morrem.
Elas, frutos solares:
laranjas romãs
dióspiros. Sumarentas
no outono. A que vive dentro de mim
também voltou; continua a correr
nos meus dias. Sinto os seus olhos
rirem; seus olhos
pequenos brilhar como pregos
cromados. Sinto os seus dedos
cantar com a chuva.
A criança voltou. Corre no vento.
Eugénio de Andrade, 'O Sal da Língua' (1995)
sábado, 16 de março de 2024
Dia do Livro Independente (16M)
quarta-feira, 13 de março de 2024
Como meditar
Como meditar
-luzes apagadas-
cair, juntar as mãos, num instante
êxtase como uma dose de heroína ou morfina
a glândula interna do meu cérebro se descarrega
o perfeito fluído alegre (Santo Fluído) quando
faceiro fixo todas as partes do corpo
em um transe de imobilidade – Curando
todas minhas fraquezas – esquecendo de tudo – nem
sequer um pedacinho de uma “Expectativa” ou um
lunático balão inflado resta, só a mente
em branco, calma, sem pensamentos. Quando um pensamento
brota chegando de longe, manifesta
presença de uma imagem, devo enganá-lo e jogá-lo fora
tirar isso da frente, driblá-lo, e ele
some, e o pensamento nunca volta – e
com alegria compreendo pela primeira vez
“Pensar dá no mesmo que não pensar”
Assim não tenho que ficar pensando em
nada
mais.
(Jack Kerouac, 1967)
Tradução: Inventor do Vento
quarta-feira, 6 de março de 2024
quinta-feira, 29 de fevereiro de 2024
Brad Pitt
sexta-feira, 23 de fevereiro de 2024
quarta-feira, 21 de fevereiro de 2024
Oración a la maestra
A ORAÇÃO DA MESTRA
Senhor! Tu que ensinaste, perdoa que eu ensine; que leve o nome de mestra, que Tu levaste pela Terra.
Dá-me o amor único de minha escola; que nem a queimadura da beleza seja capaz de roubar-lhe minha ternura de todos os instantes.
Mestre, faz-me perdurável o fervor e passageiro o desencanto. Arranca de mim este impuro desejo de justiça que ainda me perturba, a mesquinha insinuação de protesto que sobe de mim quando me ferem. Não me doa a incompreensão nem me entristeça o esquecimento das que ensine.
Dá-me o ser mais mãe que as mães, para poder amar e defender como elas o que não é carne de minha carne. Dá-me que alcance a fazer de uma de minhas crianças meu verso perfeito e a deixar-lhe cravada minha mais penetrante melodia, para quando meus lábios não cantem mais.
Mostra-me possível teu Evangelho em meu tempo, para que não renuncie à batalha de cada dia e de cada hora por ele.
Põe em minha escola democrática o resplendor que se discernia sobre tua roda de meninos descalços.
Faz-me forte, ainda em meu desvalimento de mulher, e de mulher pobre; faz-me desprezadora de todo poder que não seja puro, de toda pressão que não seja a de tua vontade ardente sobre minha vida.
Gabriela Mistral (1889-1957)
Tradução de Maria Teresa Almeida Pina
#poesia #gabrielamistral #educação